terça-feira, 16 de agosto de 2022

UVAS CRIOLLAS: VOCÊ CONHECE?

Crédito da imagem: Claudia Cabbeler - Cepas, El Vino, Mundo.

Por: Fernando Filho


Queridos leitores, hoje estou trazendo a vocês um tema que penso ser muito interessante e que ainda é pouco falado, no entanto, as uvas Criollas estão cada vez mais ganhando destaque com seus vinhos exóticos e prometem assegurar o seu lugar de destaque no mercado atual.
Há muito o que ser falado, porém procurarei fazer um resumo e destacar algumas informações que creio ser essencial para o conhecimento de todos.
O termo Criollas (pronuncia-se "crioias") no dialeto dos países latinos (no Brasil tem uma conotação diferente) é usado para se referir a decentes de europeu, e por essas uvas estarem na América Latina e serem descendentes de uvas européias, portanto, são Vitis vinífera, então são chamadas de Criollas. Essas cepas são muito antigas, porém, elas tem um protagonismo muito pequeno se comparado a outras uvas Vitis vinífera européias como Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay, Malbec, etc. Assim como as cepas mais conhecidas, as uvas Criollas também foram trazidas para o continente americano através dos catequizadores europeus por volta do século XVI. Um destaque é a uva Listán Prieto (também chamada de País no Chile ou Criolla Chica na Argentina), que tem a sua origem na Espanha e foi trazida ao México por volta de 1540 e é ela quem vai dar origem a várias outras variedades de Criollas no continente americano como: Cereza, a família das Torrontés, Criolla Grande e ainda muitas outras através de cruzamentos com outras uvas Vitis viníferas que já se encontravam pela região, como a Moscato de Alexandria.
Apesar de estarem presentes em países como México onde "desembarcou" e EUA (por migração), as uvas Criollas se destacam mesmo é nos países sul-americanos como Chile e Argentina (também estão presentes na Bolívia e Peru). Mas por que não vieram para o Brasil? Temos que lembrar de um fator histórico chamado de Tratado de Tordesilhas, em que o Brasil era colônia de Portugal e os outros países sul-americanos como os citados anteriormente foram colonizados pela Espanha e, por isso, a Listán Prieto e suas descendentes se desenvolveram nesses outros países.
Por serem uvas bastante produtivas e que se adaptaram muito bem a um clima mais quente, as Criollas se desenvolveram e durante muitas décadas são utilizadas para a produção de bebidas destiladas como o Pisco. Outra coisa a ser destacada é que como são uvas muito antigas, a maioria das suas videiras são vinhas velhas que podem chegar a mais de 200 anos de idade e que geralmente se desenvolveram sem condução e hoje em dia são bastante valorizadas por produzirem um fruto de alta qualidade e consequentemente vinhos de auto nível. A partir de estudos e pesquisas realizadas durantes muitos anos e que até os dias de hoje ainda estão sendo feitos, pequenos produtores com uma pegada menos intervencionista, resolveram resgatar essas uvas e investiram na produção de vinhos através das Criollas com destaque para a Listán Prieto (País) e para a família das Torrontés, que cada vez mais estão ganhando espaço no mercado e conquistando adeptos. Pessoalmente, acredito que essas uvas bem como o seus vinhos ganharão cada vez mais protagonismo e sem dúvida se firmarão como grandes destaques do Chile e da Argentina, assim como já são destaques outras Vitis viníferas como a Malbec, a Cabernet Sauvignon e a Carménère.
Em geral, os vinhos elaborados com a Listán Prieto são tintos leves, menos concentrados, bastante aromáticos (muita fruta), com menos presença de taninos e acidez média, vinhos refrescantes para consumo rápido e que por isso tem cada vez mais ganhando destaque no mercado de vinhos.
Um destaque que faço é que vocês poderão encontrar excelentes vinhos de vinhas velhas (orgânicas) da uva País nas seguintes regiões produtoras do Chile: Valle do Maule, Itata, Bío-Bío e Valle de Malleco. Na Argentina se destaca a Torrontés (Riojana, Mendoncina e Sanjuanina) como sendo a Criolla mais destacada com portencial enológico e de mercado local e exportação. Se destacam como pricipais regiões produtoras em Cuyo: La Rioja, San Juan e Mendoza, relembrando que a Listán Prieto (chamada também de País no Chile) é conhecida como Criolla Chica na Argentina.
Bom, acredito que essas são algumas das informações essenciais para quem quer conhecer um pouco mais sobre essa variedade de uva Vitis vinífera e seus vinhos exóticos, espero ter contribuído e que tenham gostado do assunto. 

Até a próxima! 🍇🍷




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