sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

O emblemático Romanée-Conti: o vinho mais caro e mais desejado de todos os tempos! 🇫🇷

Fonte: Google Imagens


Quando um colecionador particular asiático ofereceu US$ 558.000 por uma única garrafa de Romanée-Conti de 1945 em um leilão da Sotheby’s em outubro de 2018 na cidade de Nova York, um recorde mundial foi quebrado. Não foi apenas o preço mais alto já alcançado por uma garrafa de 750 ml de vinho da Borgonha, mas também o mais alto alcançado por uma garrafa de vinho em qualquer leilão.
Momentos depois, um segundo colecionador particular, dos EUA, pagou US$ 496.000 por outra garrafa do mesmo vinho, e isso também bateu todos os recordes anteriores, exceto o que acabara de ser batido.

Fonte: Google Imagens

Mas afinal, o que faz um vinho ser tão especial ao ponto de sua garrafa valer um pouco mais de meio milhão de dólares?!


Bem, no caso do Romanée-Conti de 1945 é uma garrafa muito, muito especial, a mais rara das raras, e aqui está o porquê:




O VINHEDO LENDÁRIO



Os vinhos da Borgonha contam história há mais de 10 séculos! Isso mesmo… Segundo registros históricos, os vinhedos da região já existiam quando os romanos lá chegaram. No século XII esses vinhedos foram transferidos para os monges do Mosteiro de Saint-Vivant. Os monges tiveram grande influência na melhora da qualidade dos vinhos, pois eram jovens e dedicaram-se à viticultura com trabalho árduo, aprimorando a cultura e a produção. E foram eles os responsáveis pela demarcação minuciosa de cada um dos microclimas da Borgonha – tão minuciosa que a região que produz o Romanée-Conti tem apenas 1,8 hectares, dos totais de 27,8 hectares de todo o Domaine.
Posteriormente, no período de monarquia de Luís XV, os vinhedos onde atualmente está o Domaine de La Romanée-Conti foram vendidos para o príncipe Conti – Louis-François de Bourbon, que foi proprietário desse pequeno pedaço de céu até 1793, quando foi preso pela Revolução. Durante esse período, usufruiu do maravilhoso vinho de forma intensa – a produção era destinada exclusivamente para o seu consumo pessoal (seu e de amigos, obviamente).
Somente depois desse período de esbórnia, em 1794, que surgiu o nome Romanée-Conti e, posteriormente, em 1911, o Domaine de La Romanée-Conti foi adquirido pela família Villaine, coproprietária até os dias de hoje.
Atualmente a propriedade pertence a duas famílias: Villaine e Leroy. Os negócios são gerenciados por dois associados – um representante de cada família – com poderes de gestão. O representante da família Villaine é Aubert de Villaine e Henry-Frederic Roch, neto de Henri Leroy, o representante da família Leroy. Há, ainda, um Conselho formado por outros representantes de cada uma das famílias: Henri de Villaine e Perrine Fenal (neta de Henri Leroy).




O PRIMOROSO MÉTODO DE PRODUÇÃO 



Segundo registros históricos, até 1945 as vinhas eram de raízes originais europeias. Nessa época, por causa da II Guerra Mundial, a mão de obra para cuidar do vinhedo tornou-se escassa, assim como os produtos químicos usados para protegê-lo de pragas. O resultado? As vinhas murcharam, atrofiaram e, enfim, morreram…
A solução foi arrancar todas as plantas e refazer todo o vinhedo, plantando novas mudas, desta vez enxertadas e, portanto, resistentes às pragas. Esse fato explica duas coisas: o porquê as safras até 1945 valem uma fortuna (mais ainda do que a fortuna que valem os vinhos atuais) e o porquê entre os anos de 1946 e 1951 não foram produzidos vinhos no Domaine de La Romanée-Conti.
Todo o processo que envolve a elaboração do vinho Romanée-Conti é especial. O cuidado é meticuloso em todas as partes da produção, desde a seleção do material vegetal, das sementes, das uvas, da forma da colheita até a produção do vinho. Tudo o que não é perfeito, é rejeitado.
Aubert Villaine, um dos representantes da família que gerencia o Domaine e toda a sua produção, é adepto da prática orgânica desde 1986 e, mais recentemente – a partir de 2007, passou a adotar a prática biodinâmica – método que rejeita o uso de produtos químicos e acredita na influência dos astros sobre as vinhas. Até mesmo o uso dos cavalos foi reintroduzido no processo (usado para não compactar o solo, como ocorre com o uso de máquinas).
Outros detalhes: a colheita da uva é tardia para que a maturação seja perfeita; a fermentação é mais longa que o normal, durando em torno de um mês, com temperatura controlada – sempre abaixo de 33ºC; o vinho envelhece, no mínimo, 18 meses em barris de carvalho francês novo.
O segredo? Segundo o jornal francês Le Figaro, Aubert Villaine adora citar a célebre frase do Dr. Lavalle, que em 1855 afirmou que “Na Borgonha fazemos os vinhos como no século XIV”. De certa forma a frase aplica-se muito bem à cultura adotada pelo Domaine de La Romanée-Conti, uma vez que a viticultura de todo o Domaine é modelo. Desde do ano de 1986, o Domaine é adepto da prática orgânica e, desde 2007, tudo é biodinâmico… Pode não ser a forma de fazer o vinho do século XIV, mas o conceito é muito próximo!
E mais. Antes de fazer qualquer mudança no processo de elaboração do vinho Romanée-Conti, e de qualquer outro dos vinhos produzidos no Domaine, há muito tempo de teste. Nada é alterado sem ter sido testado exaustivamente. A busca pela perfeição é, realmente, constante e incessante.
Não é por outro motivo que no mundo do vinho o Domaine de La Romanée-Conti está no mais alto nível e se mantém com uma constância digna de elogios. E como diz o próprio Aubert Villaine, um grande Domaine é, antes de tudo, uma filosofia.







Os direitos autorais de grande parte deste texto é cedido ao site Winer, acessado no link: https://www.google.com.br/amp/www.winer.com.br/romanee-conti/amp/ - e também a revista EXAME, acessada no link: https://www.google.com.br/amp/s/exame.abril.com.br/estilo-de-vida/por-que-alguem-gastaria-us-558-000-em-uma-garrafa-de-vinho/amp/ - acessados no dia 31 de janeiro de 2019, às 16:54 e 17:20 hs, respectivamente. 




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