terça-feira, 26 de julho de 2022

O ENOTURISMO E A IMPORTÂNCIA DA SUA ESTRUTURAÇÃO

Crédito da imagem: Kateryna Hliznitsova.

Sem dúvida, uma das ferramentas mais importantes para a imersão no mundo dos vinhos é o enoturismo. A experiência vivida pelo visitante ao adentrar em uma vinícola (seja de grande ou pequeno produtor) e conhecer a sua história, andar por entre as parreiras, visitar as instalações da Cantina, conhecer as salas de barricas, os tonéis de aço inoxidável, conversar com o enólogo, entender como são elaborados os vinhos, fazer a prova dos vinhos ainda em processo de evolução e outros já prontos, compreendendo como um suco de uva fermentado pode evoluir tanto e se transformar em uma bebida tão especial e respirar aquela atmosfera totalmente única e inspiradora não tem preço.
Tomarei a liberdade de abrir aspas agora e confessar ao querido leitor que enquanto escrevia as linhas anteriores fui tomado por uma miragem deliciosa e encantadora desses momentos especiais que só o enoturismo pode proporcionar e a vontade de fazer as malas e comprar as passagens foi grande.
Voltando ao nosso assunto, é importante destacar desde já o quão acolhedor, agregador e formador é o enoturismo, pois ele está aí para todos os níveis de consumidores , desde o mais experiente até aquele que não entende nada de vinhos, mas para este  último, que mesmo não sabendo nada se permitiu  visitar uma vinícola, um primeiro e importante passo já foi dado. Além do prazer de ser uma viagem e de conhecer coisas e pessoas novas, o enoturismo agrega conhecimento não somente  de tudo o que envolve o mundo dos vinhos mas também da cultura local.
As opções são diversas no mundo inteiro, muitos optam por ir para a Itália conhecer os lindos vinhedos da Toscana ou os encantadores  vinhedos do Piemonte que tem como plano de fundo os imensos picos de montanha dos Alpes suíços , outros viajam para a França para conhecer as famosas regiões de Champagne, Borgonha e Bordeaux, outros buscam pelas lindas paisagens do Mosel e Rheingau na Alemanha, Rioja ou Priorato na Espanha, Douro e Dão em Portugal, Barossa Valley ou Adelaide Hills na Austrália, os lindos e vastos vinhedos da Califórnia nos EUA, Mendoza e Salta na Argentina, Canelones e Maldonado no Uruguai ou as encantadoras paisagens Andinas do Valle do Maipo e Maule no Chile, sem contar as outras inúmeras regiões vitícolas de cada um desses países não citadas aqui. Mas paramos por aí? De forma alguma! Aqui no nosso lindo e vasto Brasil temos variadas opções para o enoturismo, desde o nordeste, passando pelo centro-oeste, sudeste e sul.
Evidentemente dentre todas essas regiões do Brasil, temos algumas em que o enoturismo e tudo o que o cerca é muito mais desenvolvido e preparado para receber os turistas do que em outras. Dito isto, destaco a importância de que cada vez mais haja investimento na hotelaria e restaurantes dessas regiões, com profissionais bem preparados para receber e atender os turistas, pois o enoturismo não se trata só da experiência dentro da vinícola mas também desde o hotel ou pousada em que o viajante está hospedado. Um mal atendimento e má experiência com um hotel pode estragar a viagem por inteira e impedir até mesmo que o turista siga com o seu plano de conhecer a próxima vinícola. Há algumas vinícolas, principalmente no Sul do país, que já possuem hospedagem própria dentro da própria propriedade, oferecendo conforto e experiências memoráveis ao viajante. No entanto, é necessário fazer reserva com bastante antecedência.
Não podemos esquecer também da importância de investimento por parte dos governantes em pavimentação de  estradas e vicinais, principalmente em regiões em que muitos produtores estão distantes dos grandes centros urbanos. Boas estradas facilitam muito o acesso para quem quer ir fazer visitas de veículo próprio. O investimento por parte das vinícolas em profissionais bem preparados para o atendimento e serviço também é muito importante, assim como também sanar a deficiência da falta de profissionais que falam outros idiomas para atender e se comunicar bem com turistas vindos de outros países.
O enoturismo envolve muito mais coisas do que se imagina e entender as estratégias de serviços e experiências oferecidas ao cliente visitante  faz toda a diferença para que esse turista volte mais vezes e sempre tenha a vinícola, a cidade, a região, o país, as pessoas daquele lugar como boa referência de hospitalidade, prazer, felicidade e lazer, afinal, o turista está pagando (geralmente um valor considerável) por todo esses serviços e o mínimo esperado é que o tal seja muito bem servido e tenha todas as suas boas expectativas satisfeitas.  
Uma região vinícola que atenta e investe no enoturismo certamente andará a passos largos rumo ao bom reconhecimento por parte dos turistas, tornando-se referência de lazer, prazer e satisfação. Além disso, coopera diretamente para o desenvolvimento econômico da região, abrindo espaço para inúmeras áreas profissionais, aumento de consumo não só dos vinhos ali produzidos mas de inúmeros produtos comercializados naquele lugar o que consequentemente leva ao aumento do capital alí aplicado pelos turistas, gerando ainda mais possibilidade de desenvolvimento estruturais por parte dos governantes.
Se cada uma das esferas envolvidas fizerem a sua parte bem feita no giro dessa "roda", certamente o que haverá de ser colhido no médio a longo prazo será prosperidade e desenvolvimento. 




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