quinta-feira, 21 de julho de 2022

O VINHO DO DESCAMINHO: A TAL LISTA DO "AMIGÃO" DO WHATSAPP É MANCHADA COM SANGUE.

Créditos da imagem: www.gov.br/prf

NÃO, definitivamente esse não é um assunto prazeroso mas é necessário falarmos e muito sobre ele, e esse NÃO em caixa alta deve ser a sua resposta padrão diante de qualquer situação que apresente diante de você um vinho suspeito e sem procedência.
Possivelmente, o caro leitor já viu ou ouviu em noticiários da Tv, no jornal impresso, nas redes sociais ou em revistas especializadas em vinhos, matérias falando sobre grandes apreensões de caixas de vinhos em caminhões ou veículos menores, realizada pela Polícia Rodoviária Federal aqui no Brasil. E cada vez mais, infelizmente, esse assunto tem se tornado corriqueiro no nosso país, evidenciando que há uma considerável demanda por essas mercadorias ilegais. Alguém pode questionar: “Ah, mas é só vinho!”. E NÃO, não é só vinho! Vai muito mais além, se trata de um financiamento criminoso, é apoiar o crime organizado, é ir contra a legalidade de empreendedores que dão duro todos os dias para pagar os seus impostos e viver uma vida honesta em um país que por si só já dificulta e muito a vida do empreendedor, é também manchar as mãos com o sangue dos assassinatos que acontecem durante o roubo dessas mercadorias.
Há algum tempo que grandes mercadorias de vinhos de descaminho são apreendidos nas fronteiras do Brasil com a Argentina, nas rodovias Federais dos estados do Sul do país e até mesmo no interior de São Paulo e na grande Capital, no Rio de Janeiro e Brasília. É notória a existência de uma facção criminosa por trás de tudo isso, no entanto, a Polícia da Argentina em conjunto com a Polícia Federal do Brasil começaram uma grande investigação sobre esse caso apenas em 2019. No mês passado o Portal R7 tornou publica uma excelente matéria confirmando que segundo a Polícia Argentina, os vinhos contrabandeados e frequentemente apreendidos na fronteira com o Brasil alimentam os grupos de traficantes. A notícia também foi publicada na Revista Adega no dia 10/06/2022.
Segundo o Portal R7, a Polícia Argentina confirmou ter feito nove prisões de pessoas ligadas ao tráfico de vinhos que pertenciam a grupos criminoso como o Primeiro Comando da Fronteira, o Comando Vermelho, o Bala na Cara e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo a investigação, os grupos criminosos roubam o vinho na Argentina em depósitos, lojas e até mesmo em caminhões usados para o transporte da bebida, depois são levados a galpões onde são escondidos em caminhões e são  contrabandeados para o Brasil. Pelo menos três mortes foram  registradas em assaltos a galpões ou transportadoras de vinhos, afirma a Polícia da Argentina.
Em uma matéria exclusiva que a Revista Adega realizou em novembro de 2021 com o Delegado da Receita Federal Mark Tollemache, muitas informações de como as manobras criminosas ocorriam foram tratadas. Segundo o Delegado Mark, em todo o ponto da fronteira, principalmente nas cidades de Dionísio Cerqueira e Santo Antônio do Sudoeste, houve um aumento absurdo de entrada irregular de vinhos. A desvalorização do Peso argentino barateando os produtos e aumentando a margem de lucro dos contraventores e o fato do vinho estar cada vez mais caindo no gosto dos brasileiros, faz com que esses criminosos migrem de outros produtos como perfumes, cigarros e azeites para o contrabando de vinho, afirma o Delegado.
Vergonhosamente temos que lidar com o fato de que existem Pessoas Físicas e Pessoas Jurídicas (Restaurantes e revendedores desonestos) que infelizmente contribuem para o aumento desse crime, pois, erroneamente e criminosamente, esses indivíduos buscam querer tirar vantagem nisso. No entanto, não entendem que ao comprar uma mercadoria de procedência duvidosa e sem Nota Fiscal, estão diretamente fomentando o contrabando e o tráfico, além de prejudicar a economia tributária do país e todos aqueles do setor que  pagam corretamente os seus impostos e de forma legal comercializam vinhos aqui.
Espero que um dia possamos falar sobre esse assunto noticiando a queda massiva dessas ocorrências a ponto de elas serem eliminadas de vez. Que tenhamos consciência e compromisso com o que é legal e correto. Se aquele NÃO em caixa alta for padrão na boca dos brasileiros diante de toda situação suspeita, já será um grande passo no combate ao contrabando e ao tráfico. Exija transparência, exija procedência e exija Nota Fiscal em toda e qualquer compra de vinhos. Combinado?

Saúde, beijos e brindes! 🍷🍷




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